Biogeografia

A Amazônia é a única floresta tropical conservada em termos de biodiversidade e tamanho. Ela está localizada na região norte da América do Sul, e ocupa uma área com aproximadamente 5,5 milhões de km² , situados entre os trópicos de Câncer e Capricórnio, em uma região próxima à linha do Equador. Os países que a floresta abrange são: Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Venezuela, Guiana, Guiana Francesa, Peru e Suriname. No Brasil, a região conhecida como Amazônia Legal representa mais de 61% do Território Nacional, ou seja, em torno de 4,190 milhões de km². A bacia amazônica tem como principais rios: Javari, Purus, Madeira, Tapajós e Xingú, pela margem direita, e Iça, Japurá, Negro, Trombetas, Paru e o Jarí, pela margem esquerda. Todos os rios citados deságuam no rio Amazonas, formado pela junção dos rios Negro e Solimões na cidade de Manaus, e possuem, no total, mais de 1000 afluentes. Por fim, esta bacia possui um interesse fundamental no ciclo hidrológico local e nacional, sendo responsável por controlar o clima da região e influencia diretamente o clima em outras regiões de nossa Nação. É considerada a maior bacia hidrográfica do planeta. A Amazônia possui um clima quente e úmido e uma precipitação média de aproximadamente 2300 mm/ano.

O Bioma Amazônico possui 53 ecossistemas e mais de 600 tipos de habitat terrestre e de água doce. Essa região possui a biodiversidade mais rica do mundo, com 55 mil espécies de plantas superiores (aproximadamente 22% do total mundial), 524 de mamíferos, 1.677 de aves, 517 de anfíbios e 2.657 de peixes.

A vegetação Amazônica se caracteriza pela floresta ombrófila densa e a floresta ombrófila aberta. A floresta ombrófila caracteriza-se por uma vegetação de folhas largas e perenes. A vegetação da ombrófila densa ocorre em locais de temperaturas elevadas, em média 25ºC, com chuvas constantes e bem distribuídas durante o ano, é perene e caracteriza-se pela presença de muitas lianas (trepadeiras que germinam no solo) e epífitas, ou seja, plantas que vivem sobre outras, com o único interesse de suporte. Já a ombrófila aberta ocorre em áreas de depressão que ficam temporariamente inundadas; é considerada como um tipo de transição da floresta ombrófila densa e apresenta: cipós, palmeiras, sororoca e bambu.

Ocupação humana

Nos estados da Amazônia Legal vivem cerca de 25 milhões de habitantes. Sua população indígena é de cerca de 430.000 indivíduos, sendo aproximadamente 56% do total dessa população no Brasil. O grau de urbanização nos estados é relativamente baixo, já que um quarto da população da região Norte vive na zona rural.

A Região Norte, e principalmente o estado do Amazonas (que contém grande parte da floresta), possui um dos mais baixos Índices de Desenvolvimento Humano do Brasil e baixíssimos valores de saneamento básico (menos que 10% de água e esgotos tratados).

Clima

Como já citado, a Amazônia localiza-se na região equatorial e possui clima quente e úmido. Mas o que isso realmente significa? Significa que a precipitação média é cerca de 2300 mm/ano, sendo ainda um pouco mais elevada na região próxima à Cordilheira dos Andes, onde pode chegar a 3000 mm/ano.

Observa-se que a estação chuvosa da parte localizada ao sul da Linha do Equador é entre dezembro e fevereiro, enquanto na porção norte é de junho a agosto. Essa precipitação elevada impulsiona comportamentos de outros fatores como temperatura e umidade relativa. A região tem uma grande disponibilidade de energia solar e apresenta uma pequena amplitude térmica, com exceção da Amazônia meridional, onde a temperatura anual pode variar em até 4 °C. No restante da região, a temperatura varia, em média, entre 24 e 26 °C, tendo uma amplitude anual de 1 a 2 °C. No que diz respeito à evapotranspiração, pode-se observar liberação de água para a atmosfera entre 4,0 e 4,5 mm/dia. Esse processo de transpiração da floresta realimenta todo o ciclo da água na região e influencia o clima no restante do país.

O desmatamento resultante das atividades humanas teve uma grande ascensão nas últimas décadas. Essas atividades podem afetar as características climáticas. Estima-se que poderá haver uma diminuição de até 30% na precipitação e na evaporação local caso toda a região seja desmatada, além de um aumento na temperatura do ar – aumenta-se a quantidade de energia solar não retida – e de uma estação seca maior. Podemos citar:

“Não se pode negligenciar o papel do desmatamento no clima amazônico ou os diversos papeis da mudança no uso e cobertura da terra (…). Todas essas mudanças no uso da terra enfraqueceriam o ciclo hidrológico na Amazônia e em escala global.” (NOBRE et al. 2009, p. 159)

Rios voadores

Você já pensou que a evapotranspiração de plantas na região da Amazônia é capaz de influenciar a pluviosidade das regiões Centro-Oeste, Sudeste, Sul do Brasil e outros países da América do Sul? É isso que nos mostra os rios voadores, cursos de água atmosféricos, formados por uma coluna de vapor d’água com aproximadamente 3 quilômetros de altura, acompanhados ou não por nuvens. A umidade evaporada pelo oceano Atlântico, próximo à Linha do Equador, segue em direção à floresta amazônica, carregada pelos ventos alísios. Essa umidade se condensa na região dos Andes (e forma a cabeceira do Solimões e do Negro e outros rios amazônicos) e da própria floresta. Então, a evapotranspiração das árvores locais permite que a água retorne à atmosfera, e recarrega o ar com umidade. Parte desta umidade é transportada para o oeste novamente e reencontra a Cordilheira dos Andes. Esse processo realimenta todo o ciclo hidrológico na região é conhecido como os “rios voadores”. No entanto, parte dos rios voadores segue caminho em direção ao sul e, assim, o regime de chuva e o clima do Brasil são mantidos.

Você sabia que uma árvore com copa de 10 metros de diâmetro permite a evaporação de mais de 300 litros de água, em forma de vapor, por dia? Essa quantidade corresponde a mais do dobro da água que um brasileiro usa no mesmo período de tempo. E mais, esses números, além de representar volumes maiores que a vazão de todos os rios do centro-oeste, ainda aumentam caso a copa da árvore tenha um diâmetro maior, o que prova a importância fundamental da floresta amazônica no clima de todo o Brasil.

El Niño e La Niña

A região do Baixo Amazonas sofre grande influência dos fenômenos de El Niño e La Niña, mas o que são esses eventos? O El Niño acontece pela modificação do regime de ventos alísios na região do Oceano Pacífico e é caracterizado por um aquecimento das águas superficiais, que afeta os regimes de chuva em regiões de médias latitudes, conhecidas como regiões tropicais. Durante este período, que pode durar até dezoito meses, as maiores precipitações ocorrem a oeste da Amazônia, enquanto as maiores secas, ao leste. A La Niña, por sua vez, é um fenômeno com características opostas ao El Niño, ou seja, com esfriamento acima do comum nas águas superficiais do Pacífico. Um dos efeitos mais notáveis deste evento é o aumento do volume de chuvas a leste da Amazônia e no nordeste brasileiro.

Importância fluvial

A bacia Hidrográfica do rio Amazonas, da sua nascente no Andes Peruanos até sua foz no oceano Atlântico, ocupa uma área na ordem de 6.110.000 km², a maior do mundo. Esta bacia localiza-se em vários países: Brasil, Peru, Bolívia, Colômbia, Equador, Venezuela e Guiana, e sua vazão corresponde a 73,6% da disponibilidade hídrica do Brasil. A principal demanda para o uso da água é para abastecimento humano. Devido ao grande volume de água, existe um grande potencial na geração de energia elétrica por meio das hidrelétricas e para navegação.  Além da importância para as populações ribeirinhas que vivem da pesca. O Rio Amazonas, o maior do planeta em volume de água, possui mais de 20 mil km navegáveis, sendo as hidrovias o melhor meio de transporte entre cidades e em seu entorno. O rios apresentam dois períodos: cheia e  estiagem. Os principais rios que compõem a bacia são: Rio Amazonas, Rio Negro, Rio Solimões, Rio Madeira, Rio Trombetas, Rio Purus, Rio Tapajós, Rio Branco, Rio Jurema, Rio Uatumã, Rio Xingu, Rio Mamoré, Rio Juruá. As áreas ao redor dos rios amazônicos incluem habitats que desempenham papéis fundamentais e fornecem diversos serviços ambientais.